sábado, 14 de fevereiro de 2009

Um pouco sobre Sexualidade Infantil - uma introdução ao diálogo.


A Sexualidade Infantil é uma realidade vivenciada por educadores enquanto expectadores e coadjuvantes e, pelas crianças, enquanto protagonistas de descobertas pessoais. A publicação bibliográfica desta área é, por vezes, desconhecida, e há um restrito tratamento dado ao assunto na formação dos (as) professores (as). Mesmo com a ênfase dada pelos Referenciais Curriculares Nacionais e ou Parâmetros Curriculares Nacionais nos temas transversais, observa-se que a postura do educador apóia-se na insegurança, no recuo de romper com dogmas e tabus, repetindo comportamentos que não são analisados criticamente.
O conceito de Sexualidade que acreditamos conhecer atualmente estruturou-se de acordo com as mudanças sociais, em um determinado tempo histórico, atrelado aos interesses de uma classe dominante, ora com resquícios das práticas higienistas, ora com o sentimento de culpa imposto pela Igreja, e com a padronização de comportamentos, incluindo a conotação inferior dada a posição da mulher e da criança (FOUCAULT, 1985).
A partir do século XVII, a sexualidade passa a ser regulamentada por um conjunto de regras que envolvem poderes, como a Igreja, a escola, a família, o consultório médico e saberes como a demografia, a biologia, a medicina, a psicologia, a moral e a pedagogia, ocorrendo uma mudança de concepção sobre o sexo no cotidiano das pessoas. Foucault analisa esta mudança no volume I da História da Sexualidade – A vontade de Saber, o início de uma trilogia que terminou incompleta devido a sua morte.
Esse conceito é distorcido e restrito à reprodução humana, às relações sexuais, a erotização do corpo e à submissão feminina. Mesmo com a sobrecarga de informações sobre sexo vinculadas na mídia, a questão sexual ainda gera constrangimentos, proibições e preconceitos.
É importante que o educador desconstrua pré-conceitos sobre Sexualidade, pois, segundo Freud, “... só pode ser pedagogo aquele que se encontrar capacitado para penetrar na alma infantil...” (apud KUPFER, 2000, p.48). E penetrar na alma infantil significa o mesmo que penetrar na própria alma, a do (a) professor (a), e nela descobrir que existe a vivência inicial da sexualidade.
Foto: "Um Anjo Dormindo", foto que tirei no cemitério de La Ricoleta, Buenos Aires, Argentina.
Foto e texto: Ana Paula dos Santos Rodrigues

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