Neste último domingo (22/03/09), o jornal Folha de S. Paulo, no caderno Mais!, publicou um artigo do psicanalista Renato Mezan, intitulado "Predadores Psíquicos", que discorre, de forma elucidativa, sobre os casos recentes de pedofilia e incesto divulgados pela imprensa.
Três casos são citados no texto:
* Josef Fritzl, austríaco que manteve a própria filha presa por 20 anos, tendo com ela sete filhos/netos;
* 40 crianças vítimas de abuso sexual na cidade de Catanduva, interior de SP;
* Menina de 9 anos, vítima de estupro por parte do padrasto, engravidou de gêmeos e teve o aborto autorizado.
Cito algumas falas do autor:
"...O abusador sexual busca muitas vezes uma revanche contra violências de que ele próprio foi vítima na infância ... e se aproveita do fato de que as crianças são efetivamente dotadas de sexualidade para as seduzir.
Mas atenção: a sexualidade infantil não se confunde com a adulta, e certamente não faz parte dela o intento de servir de meio para prazeres dos quais não tem noção..."
"...Diante da incompreensão dos adultos, a criança vítima de abuso sexual aciona mecanismos de defesa violentíssimos, que acabam por aumentar ainda mais o seu sofrimento: identificação com o agressor, entrada numa posição masoquista, cisão da parte da sua mente que abriga as lembranças do fato e outros mais.
Pode se tornar abúlica ou muito agressiva, perder a capacidade de sonhar ou reviver a cena em pesadelos, ser tomada por sentimentos de perseguição, pela culpa de ter "induzido" o ato ou pela imagem obsedante do agressor..."
Vale muito a pena procurar ler o artigo na íntegra.
O autor ainda sugere a leitura de quatro livros que ele consultou para produzir o artigo:
1. "Cena Incestuosa", de Renata Cromberg;
2. "Perversão", de Flávio Carvalho Ferraz;
3. "Psicopatia", de Sidnei Kiyoshi Shine;
4. "Narcisismo e Vínculos", de Lúcia Barreto Fuks.
Todos publicados pela editora Casa do Psicólogo.
Ana Paula dos Santos Rodrigues.
Ótimo texto... Quando fiz parte da pesquisa sobre Violência Sexual na Baixada Santista percebemos que o abusador é quase sempre alguém próximo ou com poder de autoridade (médico, professor, etc). As políticas públicas devem ser pensadas para que programas como o antigo sentinela sejam ampliados e melhorados, pois sei q a ferida nunca fecha, mas precisamos cuidar o melhor possível das vitimas para que superem e sigam suas vidas...
ResponderExcluirBjs